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BRAZIL - BRASIL

Pope Saint John Paul II was a pilgrim 3 times to Brazil: in 1980 (visiting Brasilia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Aparecida, Porto Alegre, Curitiba, Salvador da Bahia, Recife, Belém, Fortaleza & Manaus), 1991 (visiting Natal, Brasilia, Goiania, Cuiabá, Campo Grande, Florianópolis, Vitória, Maceió & Salvador, & beatifying Mother Paulina) and 1997 (for the 2nd World Meeting for Families in Rio de Janiero).

Papa Benedict XVI came on pilgrimage to Brazil in 2007 (for the 5th General Conference of the Bishops of Latin America & the Caribbean), visiting São Paulo, Guaratinguetá & the Shrine of Aparecida, & canonizing Frei Antônio de Sant’Ana Galvão.

Papa Francisco's 1st apostolic voyage abroad was to World Youth Day / JMJ 2013 in Rio de Janeiro in July 2013, when over 3 million people gathered for the final Mass on Copacabana beach.

So many Brazilians have generously given responses to Totus2us podcasts (a beautiful witness to the great faith in Brazil), they are shown alphabetically by Christian name: beginning with A - K and L - Z - muito obrigado a todos vocês   ♥

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Orações em Português no Totus2us

Terço e Novena à Divina Misericórdia      
Via-Sacra
     
Meditações e orações do Cardeal Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) no Coliseu

Consagração do povo brasileiro a Nossa Senhora Aparecida pelo Papa São João Paulo II
Aparecida, 4 de Julho de 1980 - also in English, French, German, Italian & Spanish

“Nossa Senhora Aparecida!
Neste momento tão solene, tão excepcional, quero abrir diante de Vós, ó Mãe, o coração deste povo, no meio do qual quisestes morar de um modo tão especial – como no meio de outras nações e povos – assim como no meio daquela nação da qual eu sou filho. Desejo abrir diante de Vós o coração da Igreja e o coração do mundo ao qual esta Igreja foi enviada pelo vosso Filho. Desejo abrir-Vos também o meu coração.

Nossa Senhora Aparecida! Mulher revelada por Deus, que haveríeis de esmagar a cabeça da serpente (cf. Gên 3,15) na vossa Conceição Imaculada! Eleita desde toda a eternidade para ser a Mãe do Verbo Eterno, o qual, pela anunciação do Anjo, foi concebido no vosso seio virginal como Filho do Homem e verdadeiro Homem!

Unida mais estreitamente ao mistério da redenção do homem e do mundo, ao pé da cruz, no Calvário!

Dada como Mãe a todos os homens, sobre o Calvário, na pessoa de João, Apóstolo e Evangelista!

Dada como Mãe a toda a Igreja, desde a comunidade que se preparava para a vinca do Espírito Santo, à comunidade de todos os que peregrinam sobre a terra, no decorrer da história dos povos e nações, dos países e continentes, das épocas e gerações! ...

Maria! Eu Vos saúdo e Vos digo “Ave” neste santuário, onde a Igreja do Brasil Vos ama, Vos venera e Vos invoca como Aparecida, como revelada e dada particularmente a ele! Como sua Mãe e Padroeira! Como Medianeira e Advogada junto ao Filho de quem sois Mãe! Como modelo de todas as almas possuidoras da verdadeira sabedoria e, ao mesmo tempo, da simplicidade da criança e daquela entranhada confiança que supera toda fraqueza e sofrimento!

Quero confiar-Vos de modo particular, este Povo e esta Igreja, todo este Brasil, grande e hospitaleiro, todos os vossos filhos e filhas, com todos os seu problemas a angústias, trabalhos e alegrias. Quero fazê-lo como Sucessor de Pedro e Pastor da Igreja universal, entrando nesta herança de veneração e amor, de dedicação e confiança que, desde séculos, fez parte da Igreja do Brasil e de quantos a formam, sem olhar as diferenças de origem, raça ou posição social, e onde quer que habitem neste imenso país. Todos eles, em este momento, voltados para Fortaleza, se interrogam: para onde vais?

O Mãe! Fazei que a Igreja seja para este povo brasileiro sacramento de salvação e sinal da unidade de todos os homens, irmãos e irmãs de adopção do vosso Filho e filhos do Pai do Céu!

O Mãe! Fazei que esta Igreja, e exemplo de Cristo, servindo constantemente o homem, seja a defensora de todos, em particular dos pobres e necessitados, dos socialmente marginalizados e espoliados. Fazei que a Igreja do Brasil esteja sempre a serviço da justiça entre os homens e contribua ao mesmo tempo para o bem comum de todos e para a paz social.

O Mãe! Abri os corações dos homens e dai a todos a compreensão de que somente no espírito do Evangelho e seguindo o Mandamento do Amor e as bem-aventuranças do Sermão da Montanha será possível construir um mundo mais humano, no qual será valorizada verdadeiramente a dignidade de todos os homens.

O Mãe! Dai à Igreja, que nesta terra brasileira realizou no passado uma grande obra de evangelização e cuja história é rica de experiências, que, com novo zelo e amor pela missão recebida de Cristo, realize as suas tarefas de hoje.

Concedei-lhe para este fim numerosas vocações sacerdotais e religiosas, para que todo o Povo de Deus possa beneficiar-se do ministério dos dispensadores da Eucaristia e das testemunhas do Evangelho.

O Mãe! Acolhei em vosso coração todas as famílias brasileiras! Acolhei os adultos e os anciãos, os jovens e as crianças! Acolhei também os doentes e todos aqueles que vivem na solidão!

Acolhei os trabalhadores do campo e da indústria, os intelectuais nas escolas e universidades, os funcionários de todas as instituições. Protegei-os a todos!

Não cesseis, ó Virgem Aparecida, pela vossa mesma presença, de manifestar nesta terra que o Amor é mais forte que a morte, mais poderoso que o pecado! Não cesseis de mostrar-nos Deus, que amou tanto o mundo, a ponto de entregar o seu Filho Unigénito, para que nenhum de nós pereça, mas tenha a vida eterna! (cf. Jo 3,16). Amém."

Benedict XVI's Prayer to Our Lady Aparecida
in the Basilica of the Shrine of Aparecida, 12 May 2007
- in English, French, German, Italian, Portuguese & Spanish

"Just as the Apostles, together with Mary, "went up to the upper room" and there, "with one accord devoted themselves to prayer" (Acts 1:13-14), so too we are gathered here today at the Shrine of Our Lady of Aparecida, which at this time is our "upper room" where Mary, Mother of the Lord, is in our midst. Today it is she who leads our meditation; it is she who teaches us to pray. It is she who shows us the way to open our minds and hearts to the power of the Holy Spirit, who comes to fill the whole world.

We have just prayed the rosary. Through these sequences of meditations, the divine Comforter seeks to initiate us in the knowledge of Christ that issues forth from the clear source of the Gospel text. For her part, the Church of the third millennium proposes to offer Christians the capacity for "knowledge —according to the words of St Paul — of God’s mystery, of Christ, in whom are hid all the treasures of wisdom and knowledge" (Col 2:2-3). Mary Most Holy, the pure and immaculate Virgin, is for us a school of faith destined to guide us and give us strength on the path that leads us to the Creator of Heaven and Earth. The Pope has come to Aparecida with great joy so as to say to you first of all: "Remain in the school of Mary." Take inspiration from her teachings, seek to welcome and to preserve in your hearts the enlightenment that she, by divine mandate, sends you from on high. ...

I am glad to be here with you, in your midst! The Pope loves you! The Pope greets you affectionately! He is praying for you! ...

Let us ask the Mother of God, Our Lady of Aparecida, to protect the lives of all Christians. May she, who is the Star of Evangelization, guide our steps along the path towards the heavenly Kingdom:

Our Mother, protect the Brazilian and Latin American family!
Guard under your protective mantle the children of this beloved land that welcomes us.
As the Advocate with your Son Jesus, give to the Brazilian people constant peace and full prosperity.
Pour out upon our brothers and sisters throughout Latin America a true missionary ardour, to spread faith and hope.
Make the resounding plea that you uttered in Fatima for the conversion of sinners become a reality that transforms the life of our society,
And as you intercede, from the Shrine of Guadalupe, for the people of the Continent of Hope, bless its lands and its homes. Amen."

Ato de Confiança à Nossa Senhora de Penha

Maria, Mãe do Autor da vida, Jesus Cristo, representada de mil maneiras pelos artistas. Venerada pela Igreja sob tantos títulos, e, neste solo capixaba, com o nome querido de Virgem da Penha: Nós cremos que estais no céu, junto de Deus Trino, intercedendo em favor da humanidade, pois fostes ouvinte fiel da Sua Palavra e vos tornastes serva do Senhor na Fé.

Hoje, Maria, voltam-se para vós os olhos dos irmãos de Cristo, vosso Filho, presentes em todo o Brasil. Sabemos que rogais por esses vossos filhos, provados por tantos sofrimentos. Sabemos que lembrais ao Senhor nossas crianças, os jovens, os velhinhos, todas as famílias e comunidades; os que trabalham pelos direitos humanos e pela vida: os nossos Governantes e os construtores da sociedade; sabemos que lembrais ao Senhor sobretudo os pobres e doentes, os que sentem o peso do pecado, os afastados de Deus.

Por isso, ó Virgem da Penha, diante da vossa bela imagem, nós vimos reafirmar-vos nossa devoção e amor, consagrar-vos nossas vidas, confiar-vos a nova Evangelização que desejamos realizar com renovado ardor missionário, semeando luz e esperança nas diferentes culturas, para a glória do Pai e do Filho na unidade do Espírito Santo. Amém. Papa João Paulo II

Palavras do Papa Francisco sobre a Viagem Apostólica ao Brasil
Audiência Geral, Quarta-feira, 4 de Setembro de 2013 - in Croatian, English, French, German, Italian, Portuguese, Spanish

"Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje retomamos o caminho das catequeses depois das férias de Agosto, mas primeiro gostaria de vos falar sobre a minha viagem ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Passou mais de um mês, mas penso que seja importante recordar este evento que, a distância de tempo, permite compreender melhor o seu significado.

Antes de tudo, desejo dar graças ao Senhor, porque foi Ele quem guiou tudo com a sua Providência. Para mim, que venho das Américas, foi um lindo presente! E por isso, agradeço também a Nossa Senhora Aparecida, que acompanhou toda a viagem: realizei a peregrinação ao grande Santuário nacional brasileiro e a sua imagem venerada estava sempre presente no palco da JMJ. Fiquei bastante feliz por isso, porque Nossa Senhora Aparecida é muito importante para a história da Igreja no Brasil, mas também para toda a América Latina; em Aparecida os Bispos latino-americanos e caribenhos viveram uma Assembleia geral, juntamente com o Papa Bento: uma etapa significativa do caminho pastoral naquela parte do mundo onde vive a maior porção da Igreja católica.

Embora já o tenha feito, desejo renovar o agradecimento a todas as Autoridades civis e eclesiásticas, aos voluntários, à segurança, às comunidades paroquiais do Rio de Janeiro e de outras cidades do Brasil, nas quais os peregrinos foram recebidos com grande fraternidade. Com efeito, o acolhimento das famílias brasileiras e das paróquias foi um dos aspectos mais bonitos desta JMJ. Boa gente os brasileiros. Boa gente! Possuem deveras um grande coração. A peregrinação inclui sempre algumas dificuldades, mas o acolhimento ajuda a superá-los e, aliás, transforma-os em ocasião de conhecimento e de amizade. Nascem vínculos que depois permanecem, sobretudo na oração. Também deste modo a Igreja cresce em todo o mundo, como uma rede de amizades verdadeiras em Jesus Cristo, uma rede que nos prende e ao mesmo tempo nos liberta. Portanto, acolhimento: esta é a primeira palavra que emerge da experiência da viagem ao Brasil. Acolhimento!

Outra palavra pode ser festa. A JMJ é sempre uma festa, pois quando uma cidade se enche de jovens que circulam pelas ruas com bandeiras de todo o mundo, saudando-se, abraçando-se, é uma festa verdadeira. É um sinal para todos, não só para os crentes. Depois, realiza-se a festa maior, isto é, a da fé, quando juntos louvamos ao Senhor, cantamos, escutamos a Palavra de Deus, permanecemos em silêncio de adoração: tudo isto é o ápice da JMJ, é a finalidade verdadeira desta grande peregrinação, vivida de modo particular na grande Vigília da noite de sábado e na Missa final. Esta é a festa grande, a festa da fé e da fraternidade, que inicia neste mundo e não terá fim. Contudo, isto só é possível juntamente com o Senhor! Sem o amor de Deus não existe festa verdadeira para o homem!

Acolhimento e festa. Mas não pode faltar um terceiro elemento: missão. Esta JMJ foi caracterizada por um tema missionário: «Ide, pois, fazeis discípulos entre todas as nações». Ouvimos a palavra de Jesus: é a missão que Ele dá a todos! É o mandato de Cristo Ressuscitado aos seus discípulos: «Ide», saí de vós mesmos, não vos fecheis, levai a luz e o amor do Evangelho a todos, até às periferias extremas da existência! Foi exactamente este o mandato que Jesus confiou aos jovens que enchiam a perder de vista a praia de Copacabana. Um lugar simbólico, nas margens do oceano, que fazia pensar nas margens do lago da Galileia. Sim, porque também hoje o Senhor repete: «Ide...», e acrescenta: «Estarei convosco todos os dias». Isto é fundamental! Só se estivermos com Cristo podemos anunciar o Evangelho. Sem Ele nada podemos fazer — foi ele mesmo quem no-lo disse (cf. Jo 15, 5). Ao contrário, com Ele, unidos a Ele, podemos fazer muito. Também um rapaz, uma jovem, que aos olhos do mundo conta pouco ou nada, aos olhos de Deus é um apóstolo do Reino, é uma esperança para Deus! A todos os jovens gostaria de pedir com vigor, mas não tenho certeza se hoje na Praça há jovens: estão presentes jovens na Praça? Há alguns! Gostaria de pedir a todos vós, com vigor: quereis ser uma esperança para Deus? Quereis ser uma esperança? [Jovens: «Sim!»]. Quereis ser uma esperança para a Igreja? [Jovens: «Sim!»]. Um coração jovem que acolhe o amor de Cristo, transforma-se em esperança para os outros, é uma força imensa! Mas vós, rapazes e moças, todos os jovens, deveis transformar-vos e transformar-vos em esperança! Abrir as portas para um mundo novo de esperança. Esta é a vossa tarefa. Quereis ser esperança para todos nós? [Jovens: «Sim!»]. Pensemos no que significa a multidão de jovens que encontraram Cristo ressuscitado no Rio de Janeiro, e mostram o seu amor na vida de todos os dias, vivem-no, comunicam-no. Não acabam nos jornais, porque não cometem actos violentos, não dão escândalo, e por conseguinte, não são notícia. Mas, permanecendo unidos a Jesus, constroem o seu Reino, constroem fraternidade, partilha, realizam obras de misericórdia, são uma força poderosa para tornar o mundo mais justo e bom, para o transformar! Gostaria de perguntar agora aos jovens que estão aqui na Praça: tendes coragem de enfrentar este desafio? [Jovens: «Sim!»]. Tendes coragem ou não? Não ouvi bem... [Jovens: «Sim!»]. Tendes ânimo para ser esta força de amor e de misericórdia com a coragem de transformar o mundo? [Jovens: «Sim!»].

Queridos amigos, a experiência da JMJ recorda-nos a verdadeira grande notícia da história, a Boa Nova, mesmo se não é notícia nos jornais e na televisão: somos amados por Deus, que é nosso Pai e nos enviou o seu Filho Jesus para se fazer próximo de cada um de nós e nos salvar. Enviou Jesus para nos salvar, nos perdoar tudo, porque Ele perdoa sempre: Ele sempre perdoa, porque é bom e misericordioso. Recordai: acolhimento, festa e missão. Três palavras: acolhimento, festa e missão. Que estas palavras não sejam apenas uma recordação do que aconteceu no Rio, mas tornem-se a alma da nossa vida e das nossas comunidades."

Palavras do Papa Bento XVI sobre a Viagem Apostólica ao Brasil
Audiência Geral, Quarta-feira, 23 de Maio 2007 - in Croatian, English, French, German, Italian, Portuguese, Spanish

"Queridos irmãos e irmãs!
Nesta audiência geral gostaria de me deter sobre a Viagem apostólica que fiz ao Brasil, de 9 a 14 deste mês. Depois de dois anos de Pontificado, tive finalmente a alegria de ir à América Latina, que tanto amo e onde vive, de facto uma grande parte dos católicos do mundo. A meta foi o Brasil, mas quis abraçar todo o grande subcontinente latino-americano, também porque o acontecimento eclesial que lá me chamou foi a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe. Desejo renovar a expressão da minha profunda gratidão pelo acolhimento recebido aos queridos irmãos Bispos, em particular aos de São Paulo e de Aparecida. Agradeço ao Presidente do Brasil e às outras Autoridades civis, a sua cordial e generosa colaboração; com grande afecto agradeço ao povo brasileiro o calor com que me acolheu era verdadeiramente grande e comovedor e a atenção que prestou às minhas palavras.

A minha viagem teve em primeiro lugar o valor de um acto de louvor a Deus pelas "maravilhas" realizadas nos povos da América Latina, pela fé que animou a sua vida e a sua cultura durante mais de quinhentos anos. Neste sentido foi uma peregrinação, que teve o seu ápice no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira principal do Brasil. O tema da relação entre fé e cultura foi sempre muito considerado pelos meus Predecessores Paulo VI e João Paulo II. Quis retomá-lo confirmando a Igreja que está na América Latina e no Caribe no caminho de uma fé que se fez e se faz história vivida, piedade popular, arte, em diálogo com as ricas tradições pré-colombianas e depois com as múltiplas influências europeias e de outros continentes.

Sem dúvida, a recordação de um passado glorioso não pode ignorar as sombras que acompanharam a obra de evangelização do continente latino-americano: de facto, não é possível esquecer os sofrimentos e as injustiças impostos pelos colonizadores às populações indígenas, muitas vezes violadas nos seus direitos humanos fundamentais. Mas a obrigatória menção de tais crimes injustificáveis – crimes que já na época foram condenados por missionários como Bartolomeu de las Casas e por teólogos como Francisco da Vitória da Universidade de Salamanca – não deve impedir de tomar consciência com gratidão da obra maravilhosa realizada pela graça divina entre aquelas populações ao longo destes séculos. O Evangelho tornou-se assim no Continente o elemento principal de uma síntese dinâmica que, com vários aspectos segundo as diversas nações, expressa contudo a identidade dos povos latino-americanos. Hoje, na época da globalização, esta identidade católica apresenta-se ainda como a resposta mais adequada, se estiver animada por uma séria formação espiritual e pelos princípios da doutrina social da Igreja.

O Brasil é um grande País que conserva valores cristãos profundamente radicados, mas vive também grandes problemas sociais e económicos. A fim de contribuir para a sua solução a Igreja deve mobilizar todas as forças espirituais e morais das suas comunidades, procurando oportunas convergências com as outras energias sadias do País. Entre os elementos positivos devem ser indicados a criatividade e a fecundidade daquela Igreja, na qual nascem continuamente novos Movimentos e novos Institutos de vida consagrada. Digna de menção é também a dedicação generosa de tantos fiéis leigos, que se demonstram muito activos nas várias iniciativas promovidas pela Igreja.

O Brasil é também um País que pode oferecer ao mundo o testemunho de um novo modelo de desenvolvimento: a cultura cristã de facto pode animar nele uma "reconciliação" entre os homens e a criação, a partir da recuperação da dignidade pessoal na relação com Deus Pai. Neste sentido, um exemplo eloquente é a Fazenda da Esperança, uma rede de comunidades de recuperação para jovens que desejam sair do túnel tenebroso da droga. Na que visitei, ficando com uma profunda impressão dela que conservo viva no coração, é significativa a presença de um mosteiro de Irmãs Clarissas. Isto pareceu-me muito emblemático para o mundo de hoje, que tem necessidade de uma "recuperação" certamente psicológica e social, mas ainda mais profundamente espiritual. E emblemática foi também a canonização, celebrada na alegria, do primeiro Santo nativo do País: Frei Antonio de Sant'Anna Galvão. Este sacerdote franciscano do século XVIII, devotíssimo da Virgem Maria, apóstolo da Eucaristia e da Confissão, foi chamado, ainda vivo, "homem de paz e de caridade". O seu testemunho é uma ulterior confirmação de que a santidade é a verdadeira revolução, que pode promover a autêntica reforma da Igreja e da sociedade.

Na Catedral de São Paulo encontrei os Bispos do Brasil, a Conferência Episcopal mais numerosa do mundo. Dar-lhes testemunho do apoio do Sucessor de Pedro era uma das principais finalidades da minha missão, porque conheço os grandes desafios que o anúncio do Evangelho deve enfrentar naquele País. Encorajei os meus Coirmãos a prosseguir e fortalecer o compromisso da nova evangelização, exortando-os a desenvolver de modo minucioso e metódico, a difusão da Palavra de Deus, para que a religiosidade inata e difundida das populações possa ser aprofundada e tornar-se fé madura, adesão pessoal e comunitária ao Deus de Jesus Cristo. Animei-os a recuperar em toda a parte o estilo da primitiva comunidade cristã, descrita no Livro dos Actos dos Apóstolos: assídua na catequese, na vida sacramental e na caridade laboriosa. Conheço a dedicação destes fiéis servos do Evangelho, que desejam apresentar sem limites nem confusões, vigiando sobre o depósito da fé com discernimento; também é sua constante preocupação promover o desenvolvimento social principalmente mediante a formação dos leigos, chamados a assumir responsabilidades no campo da política e da economia. Agradeço a Deus ter-me concedido aprofundar a comunhão com os Bispos brasileiros, e continuo a tê-los sempre presentes na minha oração.

Outro momento importante da Viagem foi sem dúvida o encontro com os jovens, esperança não só para o futuro, mas força vital também para o presente da Igreja e da sociedade. Por isso a vigília por eles animada em São Paulo foi uma festa da esperança, iluminada pelas palavras de Cristo dirigidas ao "jovem rico", que lhe tinha perguntado: "Mestre, que hei-de fazer de bom para alcançar a vida eterna?" (Mt 19, 16). Jesus indicou-lhe antes de tudo "os mandamentos" como o caminho da vida, e depois convidou-o a deixar tudo para o seguir. Também hoje a Igreja faz o mesmo: antes de tudo repropõe os mandamentos, verdadeiro caminho de educação da liberdade para o bem pessoal e social; e sobretudo propõe o "primeiro mandamento", o do amor, porque sem o amor também os mandamentos não podem dar pleno sentido à vida e originar a verdadeira felicidade. Só quem encontra em Jesus o amor de Deus e se coloca neste caminho para o praticar entre os homens, se torna seu discípulo e missionário. Convidei os jovens a serem apóstolos dos seus coetâneos e por isso a ocupar-se sempre da sua formação humana e espiritual; a ter grande estima pelo matrimónio e pelo caminho que a ele conduz, na castidade e na responsabilidade; a ser abertos também à chamada à vida consagrada pelo Reino de Deus. Em síntese, encorajei-os a fazer frutificar a grande "riqueza" da sua juventude, para ser o rosto jovem da Igreja.

Ápice da Viagem foi a inauguração da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, no Santuário de Nossa Senhora Aparecida. O tema desta grande e importante assembleia, que se concluirá no final do mês, é "Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que n'Ele nossos povos tenham vida Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". O binómio "discípulos e missionários" corresponde ao que o Evangelho de Marcos diz a propósito da chamada dos Apóstolos: "(Jesus) constituiu Doze para andarem com Ele e também para os enviar a pregar" (Mc 3, 14-15). Por conseguinte, a palavra "discípulos" recorda a dimensão formativa e do seguimento, da comunhão e da amizade com Jesus; o termo "missionários" expressa o fruto do discipulado, isto é, o testemunho e a comunicação da experiência vivida, da verdade e do amor conhecidos e assimilados. Ser discípulos e missionários exige um vínculo estreito com a Palavra de Deus, com a Eucaristia e com os outros Sacramentos, o viver na Igreja em escuta obediente dos seus ensinamentos. Renovar com alegria a vontade de ser discípulos de Jesus, de "estar com Ele", é a condição fundamental para ser seus missionários "recomeçando a partir de Cristo", segundo a recomendação do Papa João Paulo II a toda a Igreja depois do Jubileu de 2000. O meu venerado Predecessor insistiu sempre sobre uma evangelização "nova no seu ardor, nos seus métodos, na sua expressão", como afirmou precisamente falando à Assembleia do CELAM, a 9 de Março de 1983, em Haiti (cf. Insegnamenti VI/1 [1983], 698). Com a minha Viagem apostólica, quis exortar a prosseguir por este caminho, oferecendo como perspectiva unificadora a da Encíclica Deus caritas est, uma perspectiva inseparavelmente teológica e social, que pode ser resumida com esta expressão: é o amor que dá a vida. "A presença de Deus, a amizade com o Filho de Deus encarnado, a luz da sua Palavra, são sempre condições fundamentais para a presença e a eficácia da justiça e do amor nas nossas sociedades" (Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 4).

À materna intercessão da Virgem Maria, venerada com o título de Nossa Senhora de Guadalupe como Padroeira de toda a América Latina, e ao novo Santo brasileiro, Frei Antonio de Sant'Anna Galvão, confio os frutos desta inesquecível Viagem apostólica."

* * *

"Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, mormente os portugueses da Paróquia de Nossa Senhora de Laveiras-Caxias; Vale da Figueira-Setúbal; Porto Diniz e inclusive um grupo de visitantes. Saúdo também os numerosos brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Brasília. A todos peço orações pelos frutos da minha Viagem na Terra de Santa Cruz, enquanto de coração vos concedo a Bênção Apostólica."

A «via» privilegiada da família - Palavras do Papa João Paulo II sobre a Viagem Apostólica ao Brasil
Audiência Geral, 8 de Outubro de 1997 - in English, French, German, Italian, Portuguese, Spanish

"1. «Família: dom e compromisso, esperança da humanidade»: foi este o tema do II Encontro Mundial com as Famílias, que se realizou nos dias passados no Rio de Janeiro, no Brasil. Trago ainda nos olhos e no espírito as imagens e as emoções deste evento, que constitui uma das etapas mais significativas do caminho da Igreja rumo ao Grande Jubileu do Ano 2000.

Estou profundamente grato a Deus que, depois da Jornada Mundial da Juventude em Paris, me concedeu a alegria de viver este encontro com as famílias. Ao lado dos jovens, a família! Sim, porque se é verdade que os jovens são o futuro, é verdade também que não há futuro da humanidade sem a família. As novas gerações, para assimilar os valores que dão sentido à existência, têm necessidade de nascer e de crescer naquela comunidade de vida e de amor, que o próprio Deus quis para o homem e para a mulher, naquela «igreja doméstica » que constitui a arquitectura divina e humana, prevista para o desenvolvimento harmonioso de cada novo ser nascido sobre a terra.

O Encontro com as famílias do mundo ofereceu-me a feliz ocasião de visitar pela terceira vez a terra brasileira. Pude assim encontrar-me de novo com aquele povo tão caro à Igreja e a mim pessoalmente, povo rico de história, de cultura, de humanidade, assim como de fé e de esperança. A cidade do Rio de Janeiro, símbolo das belezas do Brasil e também das suas contradições, ofereceu ao encontro um ambiente bastante significativo, caracterizado por múltiplas pertenças étnicas e culturais. Do alto do Corcovado a grande estátua de Cristo, com os braços abertos, parecia dizer às famílias do mundo inteiro: Vinde a Mim!

Dirijo um deferente pensamento ao Presidente da República, com quem tive no Rio um colóquio cordial: a ele, assim como às Autoridades civis e militares da Nação, renovo a expressão da minha gratidão pelo acolhimento caloroso. Também ao Cardeal Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, e ao Episcopado brasileiro, empenhado com coragem em favor da causa da família, exprimo o meu reconhecimento, que faço extensivo a quantos colaboraram para esta grande festa do amor e da vida. Invoco sobre o povo brasileiro a constante bênção do Senhor para que, com o empenho de todos, a Nação possa crescer na justiça e na solidariedade.

2. O do Rio foi o segundo grande encontro mundial das famílias com o Papa. O primeiro teve lugar em Roma em 1994, por ocasião do Ano internacional da Família. Estes encontros, que a Igreja marca em escala mundial, exprimem a vontade e o empenho do Povo de Deus em caminhar unido numa «via» privilegiada: a «via» do Evangelho, a «via» da paz, a «via» dos jovens e, neste caso, a «via» da família.

Sim, a família é de modo eminente «via da Igreja», que reconhece nela um elemento essencial e imprescindível do desígnio de Deus para a humanidade. A família é lugar privilegiado de desenvolvimento pessoal e social. Quem promove a família, promove o homem; quem a ataca, ataca o homem. Sobre a família e sobre a vida se joga hoje um desafio fundamental que atinge a própria dignidade do homem.

3. Por esta razão a Igreja sente a necessidade de testemunhar a todos a beleza do desígnio de Deus para a família, indicando nela a esperança da humanidade. A grande assembleia do Rio de Janeiro teve esta finalidade: proclamar diante do mundo a «boa nova» sobre a família. É um testemunho que foi dado por homens e mulheres, pais e filhos de culturas e línguas diversas, irmanados entre si pela adesão ao Evangelho do amor de Deus em Cristo.

Matrimónio e família foram objecto de reflexão aprofundada no Congresso Teológico-Pastoral, que tive o prazer de concluir, dirigindo aos participantes um discurso sobre a centralidade que estes temas devem assumir na pastoral da Igreja.

No Rio, no grande Estádio do Maracanã, assistiu-se, por assim dizer, à «sinfonia » da família: sinfonia única, mas que se expressou segundo modalidades culturais diversas. Fundamento comum de todas as experiências era sempre o sacramento do matrimónio, tal como a Igreja o conserva tendo como base a Revelação divina.

Nas celebrações eucarísticas — na Catedral, mas sobretudo naquela de domingo, no Aterro do Flamengo — ressoaram as palavras da Sagrada Escritura que constituem a base da concepção cristã da família, palavras escritas no Livro do Génesis e confirmadas por Cristo no Evangelho: «O Criador, desde o princípio, fê-los homem e mulher, e disse: “Por isso o homem deixará o pai e a mãe, e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne”» (Mt 19, 4-5). «Portanto — acrescenta Jesus — já não são dois, mas uma só carne. Pois bem, o que Deus uniu, não o separe o homem » (Mt 19, 6), Esta é a verdade sobre o matrimónio, sobre o qual se funda a verdade da família. Aqui está o segredo do seu feliz êxito e também a fonte da sua missão, que é fazer resplandecer no mundo um reflexo do amor de Deus Uno e Trino, Criador e Redentor da vida.

O encontro do Rio tornou-se assim uma eloquente «epifania» da família, que se mostrou na variedade das suas expressões contingentes, mas também na unicidade da sua identidade substancial: a de uma comunhão de amor, fundada sobre o matrimónio e chamada a ser santuário da vida, pequena igreja, célula da sociedade. Do Estádio do Maracanã do Rio de Janeiro, que se tornou quase uma imensa catedral, foi lançada ao mundo inteiro uma mensagem de esperança substantificada de experiências vividas: é possível e jubiloso, ainda que empenhativo, viver o amor

fiel, aberto à vida; é possível participar na missão da Igreja e na construção da sociedade. Esta mensagem desejo hoje fazê-la ressoar, no termo da sexta viagem internacional deste ano. Graças à ajuda de Deus e à especial protecção de Maria, Rainha da Família, a experiência vivida no Rio de Janeiro sirva como penhor do renovado caminho da Igreja pela «via» privilegiada da família, e de igual modo seja auspício de uma crescente atenção por parte da sociedade à causa da família, que é a causa mesma do homem e da civilização.

Saudações especiais

Amados peregrinos de língua portuguesa, queridos brasileiros!

Daqui renovo a expressão da minha gratidão ao Senhor Presidente da República do Brasil, aos Senhores Bispos brasileiros e a quantos colaboraram na realização daquela Festa do amor e da vida, nomeadamente ao Pontifício Conselho para a Família, e invoco sobre as famílias do mundo inteiro, com menção particular da família dos presentes nesta Audiência, as maiores bênçãos de Deus.

Dirijo agora uma saudação a todos os peregrinos de língua italiana, em particular aos Jovens, aos Doentes e aos jovens Casais.

O mês de Outubro é dedicado de modo especial ao santo Rosário, antiga e popularíssima oração mariana.

Caros jovens, aprendei através da meditação dos mistérios do Rosário, a conhecer Cristo de modo cada vez mais profundo; vós, queridos doentes, sabei acolher, em união espiritual com Maria Santíssima, os mistérios cristãos da alegria e da dor que impedem os mistérios da glória; e vós, prezados jovens esposos, não deixeis de alimentar, especialmente neste mês de Outubro, a vossa comunhão conjugal com a recitação do Rosário na intimidade da vossa nova família. A todos a minha Bênção."

Palavras do Papa João Paulo II sobre a Viagem Apostólica ao Brasil 1991
Audiência Geral, 23 de Outubro de 1991 - in Italian & Spanish

"1. "¿A dónde vais?". En esta pregunta se manifestaba el hilo conductor del congreso eucarístico que se celebró en Fortaleza el año 1980, cuando tuve la oportunidad de visitar por primera vez la Iglesia en tierras brasileñas. Aunque hayan pasado ya once años desde aquella visita, es preciso volver a plantear esa pregunta después del viaje pastoral de este año al Brasil, que ha durado del 12 al 21 de este mes de octubre.

Ante todo, deseo dar las gracias a la Conferencia episcopal de Brasil, así como a las autoridades civiles: al señor presidente de la República, al señor ministro de Asuntos Exteriores y a todos los que, a lo largo de la peregrinación del Papa, han tenido gestos de sincera hospitalidad y de intensa colaboración.

Deseo agradecer, de modo particular, a mis hermanos en el episcopado, no sólo su participación en los diversos encuentros, sino también todo el programa, que, en su conjunto, ha constituido una respuesta a la pregunta formulada hace once años: "¿A dónde vais?". Los pastores en la tierra brasileña han mostrado el camino que recorre la Iglesia y que quiere seguir recorriendo resueltamente para cumplir la misión recibida de Cristo Redentor.

2. Esta misión se manifiesta, de modo sintético, en el hilo conductor del congreso eucarístico de este año, que ha reunido a toda la Iglesia brasileña en la arquidiócesis de Natal. Esa arquidiócesis se encargó de organizar este último congreso eucarístico, después del de Fortaleza (1980) y del de Aparecida (1985). El lema: "Eucaristía y evangelización" constituyó el punto de partida en que se inspiraron y se desarrollaron los diversos temas de la visita papal, encontrando expresión sobre todo en las homilías pronunciadas durante la liturgia eucarística (o durante la liturgia de la Palabra) en las respectivas etapas del viaje.

Un somero repaso de los temas nos permite ver los problemas más importantes que afronta la Iglesia en tierra brasileña. Quisiera recordarlos en el orden en que fueron insertados en la geografía del viaje.

Así, en San Luis de Maranhão (nordeste) el tema de la evangelización se concentró en problemas de particular urgencia: "tierra, justicia y reforma agraria". Desde el nordeste, el camino nos llevó al centro del país y, en primer lugar, a la capital, Brasilia, donde el tema de la homilía giró en torno a "la necesidad de la educación en la fe para una nueva sociedad". Durante la visita a Goiânia se subrayó un tema muy semejante: La Iglesia como comunidad y participación.

3. Brasil es un país gigantesco, uno de los más grandes de la tierra. En él, la Iglesia vive y lleva a cabo su misión en doscientas diez diócesis. El programa "local" del viaje se trazó como un complemento de la anterior visita, que tuvo lugar en 1980. Por primera vez se incluyó en el programa la parte occidental del Brasil, el Estado del Mato Grosso, con sus dos arquidiócesis: Cuiabá (en el norte, cerca de la Amazonia) y Campo Grande (en el sur). El tema de las homilías fue: "Evangelización: emigrantes y ecología" (en Cuiabá) y "La familia y las vocaciones" (en Campo Grande). El Estado del Mato Grosso es una zona de nuevas emigraciones, principalmente internas, y de una gran diversidad étnica.

Para todos esos grupos, tan diversos, la Iglesia sigue siendo un lugar de encuentro. Y es un lugar de encuentro también ―y se podría decir, de modo notable― para los primeros habitantes de ese territorio, los indios del Brasil, que están defendiendo sus derechos étnicos y, ante todo, el derecho a la tierra.

El desarrollo de la visita nos llevó, luego, al Estado de Santa Catarina, al sur del país. En la ciudad de Florianópolis el tema de la homilía, "Vocación cristiana a la santidad", se desarrolló en el ámbito de la beatificación de la madre Paulina, fundadora de la congregación de las Hermanitas de la Inmaculada Concepción.

4. De Florianópolis la peregrinación prosiguió, los últimos dos días, hacia el norte del país, a lo largo de la costa del océano Atlántico. La homilía del sábado pronunciada en la arquidiócesis de Vitoria (en el Estado de Espíritu Santo), tuvo como tema principal "María en la vida de la Iglesia". La santa misa terminó con un acto de consagración a la Virgen santísima.

En la zona periférica de la ciudad de Vitoria volvió el tema social, con ocasión de la visita a la "Favela de Lixao de San Pedro". La atención que se prestó allí a la contraposición entre civilización del amor y civilización del egoísmo ha significado uno de los puntos más notables del programa de evangelización. Ese tema volvió con motivo de la visita a la arquidiócesis de Maceió (en el Estado de Alagoas). La Iglesia, saliendo al encuentro de las necesidades de los más pobres, afronta los problemas cruciales del "trabajo y de la casa", que en esa región se sienten de una forma especialmente dolorosa.

Al mismo grupo de temas se añade la catequesis pronunciada en San Salvador de Bahía durante el encuentro con los niños, pues también éstos son, por desgracia, víctimas de muchas injusticias, que se reflejan en la vida familiar desordenada y en la falta de una atención adecuada a la familia.

Sobre toda la vida brasileña pesa la distribución desigual de los bienes: existe un abismo entre un pequeño grupo de hombres muy ricos y la ingente mayoría de los "desheredados". Los niños, que son las víctimas de esta injusticia, deben llegar a ser un objetivo particular en el esfuerzo de la evangelización de la sociedad.

5. San Salvador de Bahía, antigua capital del Brasil y sede primada de la Iglesia en ese país, fue la última etapa de esta peregrinación. En esa ciudad, en la que tantas espléndidas iglesias atestiguan el pasado de la cultura brasileña, era preciso tocar el tema del ya inminente V Centenario de la evangelización de América (1992).

El tema de la homilía: "Evangelización y misión ad gentes" nos recordó el pasado, y nos señaló también el proceso de maduración de la Iglesia en el "continente de la esperanza", por lo que se refiere al deber misionero. En efecto, la Iglesia es siempre y por doquier un gran agente de las misiones. El programa de los encuentros previstos en el itinerario de la visita al Brasil había sido trazado de tal forma que, en el ámbito de los dos polos "misión y evangelización", encontrasen su lugar los diversos agentes de las misiones. Al inicio se tuvieron los encuentros con los obispos, con los sacerdotes (en Natal) y las familias religiosas, masculinas y femeninas (en Florianópolis), para centrarse luego en el problema de las vocaciones y de los seminarios (en Brasilia). Al mismo tiempo, cada una de las etapas ofrecía la oportunidad de realizar encuentros con los laicos (en Campo Grande), con los jóvenes (en Cuiabá) y con el mundo de la cultura (en San Salvador de Bahía).

A través de esos círculos pasa la corriente de la evangelización, que mira a transformar "el mundo" brasileño según el espíritu del Evangelio de Cristo.

La evangelización se realiza también mediante el diálogo ecuménico: éste ha encontrado lugar en el programa de la visita al Brasil en la ciudad de Florianópolis. Se tuvo también el encuentro con la comunidad judía (en Brasilia).

6. Así, pues, la pregunta "¿A dónde vais?", dirigida al Brasil, a la sociedad y a la Iglesia, ha encontrado en el marco de esta visita papal una respuesta meditada y sistemática.

Merece un relieve particular el hecho de que, por primera vez, en la tierra brasileña se celebró una beatificación. La beata madre Paulina es el primer signo de la evangelización en su dimensión definitiva y más plena: la dimensión de la vocación a la santidad. Mediante esta dimensión, la Iglesia, en todo país y nación, revela su madurez evangélica. El primer beato del Brasil fue el misionero José de Anchieta (jesuita del siglo XVI) que, desde Tenerife, donde nació, llegó al nuevo continente. La beata madre Paulina maduró en la santidad creciendo en el terreno espiritual de la Iglesia brasileña. Es la primera beata del Brasil. Abrigamos la esperanza de que este gran pueblo de Dios que está en tierra brasileña, tan variado desde el punto de vista étnico, esconda aún dentro de sí muchos otros frutos de santidad madura, que se manifestarán cada vez más en el futuro. De este modo, se cumplirán las palabras de Cristo a los Apóstoles: "Os he destinado para que vayáis y deis fruto, y que vuestro fruto permanezca" (Jn 15 16).

En efecto, a esa meta lleva siempre y por doquier el camino de la Eucaristía y de la evangelización."

Reflexão do Papa João Paulo II em sua peregrinação apostólica ao Brasil em 1980
Audiência Geral, Quarta-feira, 16 de Julho de 1980 - in Italian, Portuguese & Spanish

A Igreja no Brasil e os problemas do homem

1. «Para onde vais?». Esta pergunta constitui o tema do X Congresso Eucarístico Nacional do Brasil, que tive a alegria de inaugurar, precisamente há uma semana, em Fortaleza, no termo da minha viagem-peregrinação através daquele gigantesco País. País que é um Continente. O convite referia-se também a outras circunstâncias e compreendia uma série de etapas. Entre as circunstâncias particularmente importantes, é necessário recordar a consagração da nova basílica no principal Santuário mariano no Brasil: Aparecida; e o 25° aniversário da instituição do Conselho Episcopal da América Latina (CELAM), que se realizou em 1955 no Rio de Janeiro. Exactamente nesta cidade foi celebrado o aniversário: as bodas de prata de instituição tão benemérita.

Pelo que diz respeito às etapas de tal viagem-peregrinação (a mais longa de todas as que me foi dado fazer até agora), de 30 de Junho até 11 de Julho, sucederam-se elas na ordem seguinte:

Brasília, actual capital do País; Belo Horizonte; Rio de Janeiro; São Paulo; Aparecida; Porto Alegre; Curitiba; São Salvador da Bahia; Recife; Teresina; Belém do Pará; Fortaleza — e por fim, já depois da abertura do Congresso Eucarístico e antes de voltar a Roma: Manaus, no centro da maior, talvez, reserva da natureza na Terra, ao confluírem o Rio Amazonas e o Rio Negro. 13 etapas no decurso de 12 dias. Com tudo isto só conseguiu visitar parte das províncias daquele País imenso, quer em sentido eclesiástico, quer administrativo e estatal.

2. A pergunta «para onde vais?», — ou melhor: para onde vamos? — acompanhou-me por todas as etapas deste caminho brasileiro, de maneira que elas entraram todas, em certo sentido, no contexto do Congresso Eucarístico deste ano e formaram quase um alargamento e engrandecimento do seu programa em todo o País. Esta pergunta, na intenção dos Organizadores do Congresso, tem a sua ressonância evangélica e, ao mesmo tempo, contemporânea e social no pleno sentido da palavra. A ressonância evangélico-eucarística foi posta em evidência, da melhor das maneiras, pelas palavras uma vez dirigidas por Pedro a Cristo nas vizinhanças de Cafarnaúm: «Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna» (Jo. 6, 68). Talvez por isso precisamente fosse necessário que em tal Congresso estivesse presente o sucessor de Pedro, para que ele e não outro pronunciasse de novo estas palavras, assim como, há muito tempo, as tinha pronunciado o mesmo Pedro nas vizinhanças de Cafarnaúm.

Ao mesmo tempo estas palavras, escolhidas como mote e fio condutor do grande acontecimento religioso na Igreja brasileira, atestam quão profundamente a Igreja daquele País e, em particular, os seus Pastores relacionam a Eucaristia e o Evangelho com o conjunto dos problemas sociais contemporâneos, de que está carregada a vida dos homens no vasto território do «Continente» brasileiro.

De facto, esta vida, precisamente no seu perfil social mais amplo, relaciona-se com esta pergunta: «Para onde vais?». A Igreja sabe que milhões de homens se põem tal pergunta e estes milhões de homens encontram-se diante do problema da «migração»; portanto tira-a, em certo sentido, da boca deles, dos seus corações, muitas vezes inquietos, das suas consciências, de toda a existência contemporânea deles. Tira-a e, em certo modo, formula-a juntamente com eles e em lugar deles, como expressão da sua presença no mundo brasileiro e da solicitude por cada homem que vive neste mundo e o constrói; como expressão da solicitude pastoral e da solidariedade fraterna com cada homem. Porque este homem, como escrevia na Encíclica «Redemptor Hominis», é em certo modo o «caminho da Igreja».

3. A pergunta «Para onde vais?» tem, no contexto brasileiro, também a sua dimensão histórica. É necessário andar para trás quase cinco séculos, para remontar àquele momento em que ela começou a ser actual. Os primeiros chegados do continente europeu, sobretudo os Portugueses, encontraram naqueles imensos territórios os Índios, até então habitantes e senhores daquela terra; as suas ocupações eram, e mantiveram-se até hoje, a caça e a pesca. O Continente criava por isso vastas possibilidades. Para prestar, durante a minha viagem ao Brasil, a homenagem devida aos primeiros habitantes e senhores daquela terra, senti especial necessidade de chegar até ao centro da Amazónia, onde eles vivem ainda, procurando conservar o seu estilo tradicional de vida. A justiça exige que aqueles que não foram na direcção da nova civilização, enxertada pelos estrangeiros, possam plenamente manter a sua tradicional identidade.

Os homens que vinham gradualmente do Velho Mundo para o território do Continente brasileiro deram, ao desenvolvimento deste, nova orientação, enxertaram nele nova cultura, inseriram aquela parte da América no âmbito da civilização ocidental, povoando-a com grupos étnicos sempre novos.

O que deve impressionar, neste processo plurissecular de se fundirem grupos tão diferenciados numa grande sociedade brasileira, é — não obstante todos os lados obscuros deste processo — uma prática gradual da comunidade e mesmo da fraternidade, que uniu e une cada vez mais aqueles homens, embora haja tantos factores que poderiam dividi-los e mesmo contrapô-los uns aos outros numa luta recíproca. O elemento histórico talvez mais escuro de tal processo, isto é o mandar vir escravos negros da África, no fim de contas, desapareceu também; bastante tarde, para dizer a verdade, mas desapareceu. Os negros uniram-se com os antigos indígenas e com os brancos, criando, mesmo no sentido antropológico, o tipo contemporâneo do homem brasileiro. É o homem dos sentimentos ardentes e do coração aberto.

Em tudo isto não se pode deixar de notar o trabalho plurissecular da Igreja: os frutos da evangelização. E se pensarmos com humildade em todas as suas faltas e imperfeições, ao mesmo tempo não podemos deixar de pensar, com veneração e reconhecimento, em todos aqueles «ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus» (1 Cor. 4, 1) que ajudaram à cristianização e à humanização da terra brasileira. A elevação aos altares, a 22 de Junho passado, de um deles, o beato José de Anchieta, tem a sua eloquência simbólica.

4. Se a Igreja brasileira reunida no Congresso em Fortaleza, à volta da Eucaristia, põe aos homens contemporâneos em todo o Brasil a pergunta «Para onde vais?», tal pergunta atesta que ela deseja realizar a sua missão: que o mistério de Cristo está, naquela Igreja, autenticamente orientado para os problemas reais do homem. E esses problemas — em certo sentido comuns a todos os países da América Latina têm a sua particular dimensão brasileira, dada a grandeza daquele País e daquela sociedade, a enorme diferenciação, não só no sentido geográfico, mas também cultural e económico-social. A imensa vitalidade das multidões de gente amontoada cada vez mais — setenta por cento — nas cidades (algumas delas são verdadeiramente cidades gigantes, como em particular São Paulo ou o Rio de Janeiro) exige que se procurem tais soluções, tais caminhos para o futuro, que permitam vencer os agudos contrastes e levem a maior igualdade, no que se refere à divisão dos bens, ao sistema das condições de existência quotidiana das famílias e dos inteiros ambientes. Cada sociedade pode construir o seu futuro só na medida em que se torna mais justa, em que a vida humana se torna nela cada vez mais digna do homem.

E por isso juntamente com os Pastores da Igreja brasileira, apresentei esta pergunta fundamental «Para onde vais?» às diversas pessoas, às comunidades e aos ambientes. Apresentei-a, em certo sentido, a toda a sociedade já durante o primeiro encontro em Brasília, a capital do País. Apresentei-a à juventude durante o encontro em Belo Horizonte. Diriji esta pergunta às famílias no Rio de Janeiro e, na mesma cidade maravilhosamente bela, tanto aos homens da ciência e da cultura como aos habitantes das favelas suburbanas. Em São Paulo constituiu o tema do encontro com o mundo operário e no Recife com os agricultores brasileiros.

Esta pergunta foi actual para os ambientes dos imigrados brasileiros, vindos dos diversos Países da Europa ou da Ásia, em Porto Alegre e em Curitiba. Não foi menos actual para os construtores da sociedade pluralista contemporânea em Salvador da Bahia, onde mais é sentida a presença dos homens de proveniência africana. Era necessário fazer mesma pergunta na região mais pobre do Brasil durante a paragem em Teresina, como também na bacia da Amazónia: em Belém e em Manaus

Esta pergunta constituiu o tema dos encontros com os sacerdotes com o meio dos religiosos e das religiosas, e com os missionários beneméritos. À volta do mesmo tema se concentraram as nossas reflexões comuns com todo o grande Episcopado Brasileiro, reunido em diversos lugares segundo as regiões, e sobretudo em Fortaleza na sessão plenária.

Também diante dos representantes das autoridades procurei realçar a importância desta pergunta, que diz respeito tanto a cada Brasileiro como ao Brasil inteiro, tanto à Igreja como ao Estado.

5. Nesta pergunta «Para onde vais?» está contido, ao mesmo tempo, o fervoroso augúrio de aquela grande Nação, que possui o maior número de católicos no mundo, se encaminhar para o seu futuro m direcção justa sob todos os aspectos. Que se realize nela justiça cada vez mais plena no caminho da paz e também das reformas indispensáveis e sistemáticas. Que a essa sociedade, a esses homens, a esses dilectos filho; e filhas do Brasil, que mostram tanta serenidade, optimismo e simplicidade, sejam poupadas as dolorosas provas e experiências que nos último: tempos feriram já algumas sociedades daquela região do mundo: subversões, revoluções, derramamento de sangue, ameaça aos direitos do homem.

Eis os augúrios que da grande peregrinação brasileira trago para o coração da Igreja, para esta Sé de Pedro, que, unindo a todos, deseja pulsar com a vida de cada uma das Igrejas e das Nações que olham para ela com amor e confiança.

Deus abençoe o Brasil.

Confio-o a Cristo e à Sua Mãe: Maria «Aparecida».